A gente quer comida
Diversão e arte"
Vim de uma família que sabe cozinhar. Comida de mãe mesmo, farta, cheia de sabor e afeto. Sempre, sempre, sempre que nossas histórias são contadas, no meio delas, surge uma lasanha, um risole, uma broinha de fubá, um tempero de alho caseiro.
Meu irmão é conhecido por ter se escondido durante toda infância embaixo da pia da minha avó, para comer o tempero que ela fazia. Eu também era dessas e posso afirmar que comer tempero puro enquanto cozinha é muito bom! Recomendo.
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Na infância, durante o tempo em que meu avô foi minha babá, nós esperávamos minha mãe sair pelo hall do prédio para correr para cozinha fazer farofa. O meu avô José fazia a melhor farofa do mundo! Eu era uma criança de 7 anos que comia farofa toda tarde – e minha mãe só descobriu a causa do meu "intestino preguiçoso" muitos anos depois.
Minha mãe é capaz de fazer qualquer coisa, de forma deliciosa e sempre em grande quantidade. A comemoração do meu aniversário de 15 anos contou com 3 bolos grandes, uns 400 docinhos e uns 1000 salgadinhos. Número de convidados: 20. Já falei que sou mineira?
Biscoitinhos de goiabada e salgados para vender, ela também já fez. Criei grandes habilidades durante este período, já que precisava pensar e articular entradas e saídas da cozinha com os bolsos e mãos cheios sem ser notada. Cada célula adiposa que tenho é fruto de muito trabalho duro e dedicação.
Meu irmão (a criança do tempero lá de cima) cozinha melhor que quase toda essa galera junta. É cada almoço gostoso que só Deus e, ainda por cima, ele é rápido e deixa a cozinha um brinco. #chocadasempre. Meu pai também cozinha super bem e me lembro de comer carne de sol quando ele fritava ao chegar do trabalho.
Umas das minhas memórias mais nítidas é ter colocado as duas mãos no forno amarelo da minha avó Izabel enquanto ela assava um bolo. Passei o resto do dia com as mãos lambuzadas de pasta de dente #kolynosforever. Sinto saudades do biscoito de nata, mas ela NÃO DEIXOU A RECEITA PRA NINGUÉM. Tudo era feito de cabeça.
Finalmente, tem eu. Sei fazer uma torta deliciosa de pimentão e sou a campeã em sopas – mas todo bolo sola #kkkkkkcrying. Sei cozinhar? Sei. Mas morro de preguiça, não é minha praia e não acho que seja um ritual para mim. Gosto de fazer tudo rápido, mas na cozinha isso não ajuda. Preguiiiiiiça de cortar as coisas, esperar cozinhar… Quando me aventurei a fazer pão, ia de meia em meia hora olhar a massa #
Para mim, cozinha é mais do que comida: é memória e afeto. A farofa do meu avô era incrível? Era. Mas não tenho dúvidas que o tempero de ser um momento só nosso, escondido, fazia toda a diferença.
É para honrar essas histórias (e não perder a receita dos biscoitos de nata de mais nenhuma avó!) que estamos fazendo nosso livro de receitas. Quais foram os pratos que marcaram o último ano pandêmico? Quem te ensinou? Quem cozinhou junto? Peraí que vou lá passar um cafezinho para comer com bolo enquanto você me conta.
Um beijo,
Bel